Parabéns.

Faço pausas vezes demais.

Pausas:

 

Minha vida é feita de pausas constantes, pausas essas em que deixo de sentir o 

fluir solto das horas, de aproveitar a subjetividade dos momentos, de exercer o meu

papel de ser humano... Pausas nas quais alicerço um "recomeçar", sempre repetido, 

interminável. 

Rebobinar a vida é impossível e, quando se o torna com a mente, enlouqueço mais um pouco.

 Avançá-la foi sempre um objetivo "fora de posse", o que nunca me impediu de tentar 

repetidamente de o fazer. 

Passei os meus dias a construir imagens de um futuro sempre disperso, sonhado, muito raramente possível de concretizar. Por isso, quando imagino momentos de calor eufórico, de humanidade desinibida, de felicidade intensa, juro que sinto vontade de me esborrachar contra a primeira parede que se erguer perante mim...A partir do momento em que imagino esses pedaços de tempo eles são automaticamente passados para o plano do impossível. Aí, jamais passarão do estado de sonho.
A minha necessidade de pausar passa em muito por aí...Pausar também dos sonhos, que nada mais são do que facas aguçadas apontadas ao nosso estômago...Por alguma razão sonhador tem "dor" no nome.
Cheguei ao ponto de pôr em questão a origem desta vergonha latente: não sei mais se se deve à minha existência ou a forma como a conduzo.
O engraçado é que jamais a forma como conduzimos a vida terá origem apenas em nós próprios, aliás, nós somos o produto da nossa educação, dos que nos rodeiam e, só em último, de nós mesmos. É por isso que muitas vezes ouvimos as pessoas dizer que precisam de tempo "para se reencontrarem". Os outros são muito fáceis de ver, de palpar, a nossa essência, essa, tão ofuscada pela existência e pela influência dos nossos pares, é que é o néctar raro...raro de encontrar, raro de conhecer.
E é exatamente desse tempo que falo quando me refiro às ditas pausas...Acontece que eu faço pausas vezes de mais...Tantas que tenho receio de um dia já não conseguir mais carregar no "play".