...Sou parte de uma história que vai se
escrevendo a cada dia e a cada passo
que dou nesse imenso caminho que está
diante de mim. Esse caminho muitas vezes
é complicado, confuso, e quase sempre desafiador.
E quando me faltam palavras para continuar a história,
o coração costuma usar as que aparecem primeiro.
Nela não há paradas, mas simplesmente um caminho,
que não é do mesmo jeito em todos os momentos,
e nem sempre é perfeito, mas pode, sim, ser cada vez melhor.
“Ela tem alguma coisa de ruim dentro dela, uma perversidade, uma anormalidade de personalidade. A maldade está arraigada na alma dela’’
Antonio José Eça, 52 anos, psiquiatra forense há 30 anos, fez laudos psiquiátricos de matadores como Chico Picadinho e Bandido da Luz Vermelha. É professor de medicina legal e psicopatologia forense das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e diz que Suzane é anormal.Como uma garota de 19 anos mata os pais? Suzane é imediatista, simplista, mimada. Matou porque é de má índole. Uma pessoa normal diria: “Não concordo com vocês, pais, então tchau, vou viver minha vida”. A justificativa para esse crime não existe se não for buscar na psicopatia dela. O senhor a considera anormal? A idéia de matar ficou amadurecendo na cabeça dela. Normal seria pegar US$ 5 mil e fugir. Não é normal no dia em que se está prestando depoimento para o delegado, perguntar como é que poderia vender a casa. Ela tem alguma coisa de ruim dentro dela, uma perversidade, uma anormalidade de personalidade. Qual a punição mais adequada para Suzane? Se você perguntar ao povo, vão dizer que ela tem de morrer na cadeia e os promotores vão querer promover a vingança contra ela. Não é a solução. Suzane não pode ser tratada com igualdade, se ela é desigual. Essa menina não tem de sofrer pena, mas ir para um hospital de custódia e tratamento, como a Casa de Custódia de Taubaté. Ela ficará lá até melhorar. Quanto tempo leva essa melhora? Para sempre. Personalidade não muda, a maldade está arraigada na alma dela, não tem cura. Suzane ficará lá para o resto da vida. Por que há resistência em mandar assassinos desse tipo para o hospital de tratamento? Porque acham que pode aparecer um psiquiatra que ache que ela está boa e soltá-la. E isso é um risco. Porque para acontecer essa medida de segurança, o assassino é inocentado e as pessoas fazem um escândalo. Então, como não sabem o que fazer com a opinião do povo, é melhor dar 400 anos de pena e falar: “Bem feito, estamos vingados”. Daniel e Cristian fizeram a cabeça dela para matar os pais? Eles é que foram levados para o crime por ela. E não deram um tiro em cada um, em vez de pauladas, porque tinham de exercitar a vingança. E Suzane quer passar a imagem de vítima da situação social. Tipo: “Olha que pais incompreensíveis, não deixavam eu namorar com um garoto só porque era de nível social inferior ao meu, a ponto de eu ter de fazer isso com eles”. Como se, invertendo os papéis, ela provasse que os pais tinham culpa por ela agir assim.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituído pela Lei n.º 9.970, de 17 de maio de 2000, com objetivo de mobilizar o governo e a sociedade para denunciar e enfrentar essa forma cruel de violação de direitos de meninas, meninos e jovens brasileiros. A data escolhida é uma homenagem à memória da menina Araceli Cabrera Crespo, espancada e violentada até a morte, aos 8 anos, em 18 de maio de 1973.
Trata-se de um alerta. Não há o que comemorar. A Justiça não pode devolver a inocência tirada de uma criança. As marcas reverberam na sociedade. Ainda há um longo caminho para se formar uma consciência nacional que denuncie e rompa com esse ciclo de violência, que na grande maioria das vezes acontece dentro da própria casa.