...Tentando lhe encontrar, não consigo lhe ouvir, e você não pode reconhecer minha
voz. Amanhã vou te perguntar se a festa foi boa, você vai dizer que sim,
e, nesse mesmo instante, os sorrisos solta dos meus lábios lambendo a boca e me lembrando, como se eu fosse realmente louca, enquanto mantinha meus olhos voltados para baixo,
bisbilhotando meu próprio vestido decotado, tentando me encontrar.
Volto a olhar pra você, na
escurridão da noite. Eu lhe vejo melhor no escuro, combina mais com o meu silêncio. Sinto você parado no tempo e continuando ali,
tão bonito e vivo. Fico me perguntando enquanto passo os dedos nos meus
cabelos já começando a esbranquiçar. Eu estou
cansada, eu sou um erro antiquado com cara de vintage. Eu engano, assim
de óculos de sol e batom vermelho, até parece que eu vou surpreender.
Mas não, nem as minhas dedicatórias lhe surpreendem mais. Vou embora sem
entender direito o que você quis me dizer: faz muito barulho
em volta de você e os sorrisos no ar, igual nos filmes de amor que, me
enlouquecem. ...
...Eu não sei, e se eu soubesse bem provável seria mais fácil
para nós dois, mas essa dúvida me consome tanto - e tantas vezes- que
fico completamente perdida. Você ainda me admira? Fico me perguntando se
esse cabelo médio e essa profissão pouco enriquecedora não lhe fazem me
olhar como mais uma. Convenhamos, eu era mais charmosa, antes? meu
atrativos eram mais? e outros, mesmo. Dei uma risada alta escrevendo isso. Olho pra você e é como se
você quisesse que eu ficasse quieta, que não dissesse coisas tão
injustas. Nosso senso de justiça é diferente, temos limites opostos para
o que chamamos de justo. As minhas causas são só consequências pra você
e ficamos diante do mesmo dilema todos os dias: como é que você pode me
amar assim?
Olho pra você e vejo exatamente tudo que eu precisava, na dimensão exata
do que me propus, um dia, procurar. Tremo absorta, você é um acerto tão
grande de probabilidades que ficou sendo o meu maior erro, outra vez cometido.