sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Atenção seletiva.

Se você mostrou interesse por este título com certeza continuará lendo. Nosso cérebro é capaz de maravilhas, dentre elas a capacidade de selecionar informações que julgamos importantes, excluindo aquelas que não nos interessam.
Quando pegamos um jornal para ler, vamos direto às sessões de nosso interesse, não é mesmo? Nosso dia-a-dia é um eterno selecionar de coisas: livros, amigos, programas de TV, sites na internet, comida, roupas e por aí vai. Se não fosse desta forma, nossa vida se transformaria em um grande amontoado de coisas e nosso cérebro não seria capaz de juntar tantas informações.
Felizmente temos esta capacidade maravilhosa! Mas, saiba que nem todas as pessoas são assim. Encontramos em vários autores e livros percentuais que vão de 3 a 6% da população mundial que não possuem esta capacidade de seleção, são conhecidas como TDAH(s). Já ouviu falar?
Muito se tem escrito sobre este transtorno. Alguns médicos e estudiosos dizem ser fruto de modismos e maneiras de vender remédios. Outros atestam a necessidade do transtorno ser levado a sério, pois trará consequências desastrosas no futuro de um adulto não tratado.
 Quem trabalha diretamente com crianças em sala de aula, facilmente percebe as características e as consequências de uma atenção seletiva com problemas. Dentro dos muros escolares este transtorno cresce a cada dia e pais e professores não estão sabendo lidar com a situação.
Para uma criança que não tem responsabilidade sequer de cuidar de sua mochila escolar, como vai chegar à fase adulta e conseguir administrar o que quer que seja? Perder um ano escolar já é difícil, imagine perder o emprego.
Pessoas com TDAH possuem uma alteração química no funcionamento do lobo frontal, causado pela baixa de células nervosas, chamadas de neurotransmissores. Este transtorno não tem cura, mas pelo fato de ser uma alteração química, existem medicamentos que podem auxiliar na melhora destes sintomas e trazer uma luz no fim do túnel para quem sofre deste problema.
Imagine estar em uma sala de aula cheia, tendo que escolher entre: olhar para o professor, para o quadro, para a janela, para aquele lápis que caiu no chão, para aquele amigo que acaba de passar no corredor, para aquele mapa pendurando na parede, que mostra o Brasil, seus estados, capitais. Onde estarei eu neste contexto?
De repente um barulho, uma voz longe te tira do devaneio. É a voz da professora dizendo: - Acorda menina, sonhando acordada?
Dia após dia a mesma coisa. O que fazer? Existem pais que são receptivos e querem o melhor para seus filhos. Outros não aceitam a ideia de que seu filho tem algum tipo de problema. Vão com isso adiando o inevitável. As coisas pioram e muitas vezes somente na fase adulta estas pessoas vão atrás de uma possível resposta para tanto sofrimento.
Quando o mercado de trabalho as rejeita, pois não cumpre prazos, esquece-se de entregar relatórios, sua mesa de trabalho é uma desorganização, papeis para todos os lados, a pessoa não entende o motivo de tanta desgraça junta. Pessoas altamente capazes, inteligentes, mas que não dão conta de priorizar aspectos importantes e deixam que milhões de coisas interfiram em seu dia-a-dia. Faz tudo ao mesmo tempo e nada fazem.
Isto é torturante e cansativo e poderia ter sido evitado. Pais, fiquem atentos aos sinais que seu filho envia, conversem com a professora, não acredite que um milagre vá acontecer e que quando crescer passa. Não vai passar! A tendência é piorar...
Enfrentem o problema de maneira adulta, leiam a respeito. Busquem um profissional que possa orientar e encaminhar seu filho. Não permita que seu filho seja um adulto fracassado e principalmente, dê mais crédito aos professores, pois são eles as pessoas mais indicadas para lhe ajudar!

 Leila Bambino
leilabam@terra.com.br

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