Sofia Burk
Há 8 horas
...Sou parte de uma história que vai se escrevendo a cada dia e a cada passo que dou nesse imenso caminho que está diante de mim. Esse caminho muitas vezes é complicado, confuso, e quase sempre desafiador. E quando me faltam palavras para continuar a história, o coração costuma usar as que aparecem primeiro. Nela não há paradas, mas simplesmente um caminho, que não é do mesmo jeito em todos os momentos, e nem sempre é perfeito, mas pode, sim, ser cada vez melhor.
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Categoria: Música (151)Local: Estados Unidos
O elevador levou mais pessoas boas lá pra cima. Desta vez, foram três de vez: o ator Sérgio Britto, o carnavalesco Joãosinho Trinta e, no que nos interessa, a cantora caboverdiana Cesária Évora, por quem eu nutri um carinho todo especial desde que conheci seu disco "Cabo Verde", em cuja capa me encantaram os dedos gordinhos dessa gordinha simpática que cantou seu país, sua cultura e sua alegria triste própria da herança portuguesa naquela ilha encravada nas costas africanas, em pleno Atlântico - para ela, um paraíso.Cesária fez um belo trabalho com tomadas até mesmo no Rio de Janeiro, onde ela gravou uma participação de Caetano Veloso, apresentando uma cena que me pareceu por demais depressiva: Cesária vaga solitariamente pela orla carioca, primeiro a bordo de um automóvel e depois a pé, tendo por companhia o inseparável cigarro. No seu rosto percebo, a sensação de abandono também me invade, ao ver a maior voz de Cabo Verde "esquecida" numa cadeira, ainda fumando, e só sendo "lembrada" para responder a uma pergunta do tropicalista santamarense, que não entendeu a poesia de um verso da canção "Regresso" (letra da musica). Confesso que fiquei com um pouco de raiva de Caetano naquele instante, julgando que visitantes devem ser bem tratados por seus cicerones. Mas o fato é que Cesária regressou para seu verdadeiro lar e Cabo Verde será agora, talvez, a melhor lembrança de sua passagem pela Terra. Fica nossa homenagem despretensiosa.