POR MAIS QUE VOCÊ OLHE, VOCÊ NÃO SE VÊ
"Tenho medo de não conseguir manter minhas idéias, meus pontos de vista, minhas escolhas. A minha cabeça é como um guarda que não permite que eu estacione em local algum. Eu fico dando voltas e voltas no meu cérebro e quando encontro uma vaga para ocupar, o guarda diz: circulando, circulando . Você está me entendendo? Eu não tenho área de repouso. Raramente desligo, e quando isso acontece, não dá nem tempo para o motor esfriar.”
Ao negar a identidade de uma pessoa, todas suas potencialidades ficam fragilizadas. Privado de sua liberdade, o corpo sofrerá os limites que desencadearão a condição de vítima.
Sentir medo é um jeito estranho de atribuir autoridade a alguém. Ser o que somos requer cuidados.
Nos encontros que realizamos, como é que fazemos para não perder de vista o que somos?
Afinal, toda relação é um encontro de subjetividades.
Como viver a dinâmica de um mundo que é plural, sem que nossa subjetividade seja sufocada.
Vivemos num desafio constante, pois é muito fácil perder a liga existencial, o cordão que nos costura a nós mesmos. É muito fácil entrar nos cativeiros dos que nos idealizam, dos que nos esmagam, dos que nos desconsideram, dos que pensam que nos amam, dos que penam por nós. Ser aprisionado no pensamento que nos impede de crer no valor de nosso potencial.
Tudo depende da capacidade que se tem de manter a posse de si, mesmo quando tudo parece contrário.
Há prisões que são invisíveis, pois são verdadeiros cativeiros emocionais. É sequestro da subjetividade todo processo que neutraliza e impede o ser humano de crescer, passando a assumir uma postura ditada por outros. É prisão quando nos submetemos a metas rasas, onde a mediocridade é a regra e o pessimismo antropológico é a consequência.
Cativeiro afetivo é a incapacidade em não dizer não!
A própria pessoa não quer abrir a porta do cativeiro, preferiu reduzir a sua vida aquele espaço miserável que lhe era oferecido.
Assim, ficam sequestrados de si mesmo. Fazendo a entrega de si mesmo em pequenas doses.
Porém, é hora de abrir os cativeiros que exitem em nós.
Não importa onde estamos. o que importa é onde podemos chegar. Não importa o que fizemos até agora, mas sim o que podemos fazer com tudo o que fizemos até agora.
Cada pessoa é uma propriedade já entregue, isto é, dada a si mesma, mas ainda precisa ser conquistada. É como se pudéssemos reconhecer: Eu já sou meu, mas preciso me conquistar. Porque embora tenhamos a escritura nas mãos, ainda não ousamos conhecer a propriedade que a escritura nos assegura possuir.