Para
nos sentirmos protegidos dos perigos que infelizmente ainda afetam as
grandes, médias e as pequenas cidades do nosso país, tomamos varias
precauções, que nos trazem mais segurança: deixamos o vidro do carro
fechado, trancamos a casa, andamos com pouco dinheiro, não
ficamos sozinhos a noite em lugares suspeitos, entre muitas outras
atitudes que tomamos que nos dão segurança, e, quem sabe, um pouco de
paz.
Nossa alma não tem anticorpos, não anda armada, está completamente vulnerável às fraquezas do ser humano.
Como
se fosse uma bomba relógio que sempre está a ponto de explodir mas
nunca explode, ficando sempre a apreensão de que algo vai acontecer, e
essa apreensão é muito pior do que a própria explosão, que, mesmo com
danos, traria tranqüilidade após o caos.
Para
nossa alma ficar protegida muitos recorrem para a religião, outros para
arte, uns não param de trabalhar, entre outras atividades que nos fazem
parar de pensar nesse vazio, porém, penso que parar de pensar não
significa parar de sentir.
Como
acalmar um pai de família que acabou de perder o emprego? Um jovem que
teve a primeira decepção amorosa? Um médico que sente medo na mesa de
cirurgia? Um velho rico que sempre achou que tinha tudo, mas nada lhe
cura o câncer? Uma idosa que sempre fez tudo pela família abandonada num
asilo?
Não
se preocupem médicos, idosos, jovens e pais de família, sei que isso
não traz conforto mas todos nós seres humanos sofremos desse vazio, e
muitas, muitas vezes sem nenhum motivo aparente.
E
assim vamos vivendo tentando se tornar pessoas melhores, mais capazes
de ficar indiferentes às variáveis da alma. E quanto mais fugimos das
incertezas nos abraçamos com a dúvida, tentamos não pensar, pensando,
não sentir, sentindo. E quanto mais nos afastamos, mais ficamos ao lado
da insegurança de nosso próprio interior.